Testemunhos

As pessoas que conheceram e contactaram com o Imperador Carlos d’Áustria revelam os aspectos mais heróicos e graças concedidas por ele.

A fama de santidade estendeu-se rapidamente pois o povo madeirense intuiu que este homem amava a Deus e tinha um poder muito forte como intercessor.

No dia do seu funeral, os pobres veneravam-no como santo, passando ao lado do seu corpo, tocando nele terços, , medalhas, imagens, livros de piedade e outros objectos religiosos.

Testemunhos

O Cónego Homem de Gouveia, natural da Ponta do Pargo onde nascera a 15 de Dezembro de 1869, era das figuras mais proeminentes do Clero da Diocese do Funchal. Como falava várias línguas entre as quais o alemão, levou a que D. António Pereira Ribeiro o nomeasse Capelão do Imperador Carlos de Áustria, face também à recomendação da Santa Sé. Foi recebe-lo a bordo do Cardif quando desembarcou no Funchal.

Convidado a depor no processo de beatificação de Carlos que o Cardeal Teodoro Innitzer (Arcebisbo de Viena) mandatara a Diocese do Funchal organizar em 1952, o seu testemunho é significativo no que concerne ao horror que ele tinha à guerra, o seu desejo e procura da paz, a amizade pelos soldados e compaixão das suas famílias pois melhor do que ele ninguém sentiu tal sofrimento, “obrigado” que foi a ir para a frente de batalha pela sua responsabilidade política, sem ter declarado guerra. Pensava mais nos que comandava que em si, chorando pelos que morriam injustamente e cuidando, o mais que podia, não só das suas necessidades materiais como das espirituais.

Depôs o Cónego Homem de Gouveia que o Imperador não sabia para onde o enviavam, pensando que o enviariam para a lha de Santa Helena. Testemunhou ainda aquele Cónego que o Imperador lhe falara das insinuações que a Maçonaria lhe propusera por três vezes para “retomar o trono desde que renunciasse aos seus princípios morais e religiosos” que já foram referenciados por D. António e que eram – temor a Deus, bem da Igreja e da sua Pátria. O Cónego Homem de Gouveia, interrogado se conhecia milagres por mediação do Imperador, refere serem do seu conhecimento muitas graças notáveis, entre elas três curas físicas. “Reconhece que muita gente se recomenda à sua intercessão. Admirou sempre a resignação do Imperador perante as privações materiais e dificuldades económicas no exílio, tendo as suportado com toda a paciência e bom humor” 36 Falou da devoção do Imperador ao Santíssimo Sacramento, a sua participação na Eucaristia impressionando e edificando todos os que o observavam, a sua comunhão diária, a sua relação na família, o trato fraternal para com os pobres irmãos em Cristo – que no dia do seu funeral tocaram nele terços, medalhas, imagens, livros de piedade e outros objectos religiosos. O Cónego Homem de Gouveia encontrou no Imperador Carlos “virtudes extraordinárias, mesmo heróicas” * e a sua opinião é de que era mesmo santo, com poder junto de Deus como intercessor.

Cónego Homem de Gouveia

A Sra. Maria hoje com 94 anos recorda que o Imperador era um “Homem muito bondoso”! ” Afagava muito as crianças e dava-se muito bem com todos. Era afável, alegre e contente”.

Testemunho da Senhora Maria

“Tendo subido ao trono em 1916, serviu o seu povo com justiça e caridade. Procurou a paz, ajudou os pobres, cultivou com empenho a sua vida espiritual. Foi sustentado pela fé desde a sua juventude e principalmente no período da primeira guerra mundial e no exílio na ilha da Madeira onde morreu santamente”

Testemunho do Cardeal Saraiva Martins

“A cruz e o sofrimento de Jesus foram o caminho para a sua glória e ressurreição; o despojamento da realeza e do poder do beato Carlos d’Áustria merecem a nossa admiração. O peso e as contrariedades da vida são a farinha, a água e o fermento com que Deus faz de nós pão agradável aos seus olhos”

Testemunho de D. Teodoro de Faria, bispo emérito do Funchal

“Desde o início, o Imperador Carlos concebeu o cargo que ocupava como um serviço sagrado aos seus povos. A sua principal preocupação consistia em seguir a vocação do cristão à santidade também na sua acção política. Por este motivo, o seu pensamento estava orientado para a assistência social. Que ele constitua um exemplo para todos nós, sobretudo para aqueles que hoje ocupam lugares de responsabilidade política na Europa”

Testemunho do Papa São João Paulo II

“Confiando-se à vontade de Deus, ele aceitou o sofrimento e ofereceu a prória vida em sacrifício pela Paz, sustentado sempre pelo amor e pela fé da sua esposa, a serva de Deus Zita”

Testemunho do Papa Francisco 

“Conheci-o na guerra. Era um Santo”

Funcionário que testemunhou sobre Beato Carlos ao Pe. José Marques Jardim

“Foi o único homem decente que apareceu durante a guerra num posto de dirigente; mas não foi ouvido! Desejou sinceramente a Paz e por isso foi desprezado pelo mundo inteiro. Foi uma excelente oportunidade que se perdeu”

Testemunho de Anatole France, socialista francês

“Uma das notas características do servo de Deus, o Imperador Carlos de Áustria, era o seu bom humor, apesar da situação penível em que se encontrava na Madeira. Sem casa nem dinheiro, com os filhos na Suíça nos primeiros dois meses, sabendo que era vigiado por espiões e que os chefes da Entente (Inglaterra, França e Itália) não cumpriam o acordado para lhe enviar meios de subsistência, o jovem Imperador e Rei, dizia: <<nós estamos melhor do que merecemos>>. “

Testemunho em artigo do Senhor Teodoro Faria, Bispo do Funchal, publicado em Pedras Vivas do Jornal da Madeira de 28 de Março de 2004.

“Certo dia quando regressava com dois filhos de um pequeno passeio, o Imperador cruzou-se com um insignificante acompanhado de um defunto muito pobre que ia a enterrar. Curvou-se reverente perante o féretro e incorporou-se com os filhos no cortejo. Os filhos impressionaram-se com o gesto do pai e pediram o seu consentimento que lhes foi concedido, para mandar celebrar uma santa missa pela alma do defunto, visto não podido ajudá-lo em vida. “

Testemunho do Pe. Jardim.

“O Imperador rezava pelos seus inimigos, até na hora da agonia. Dizia o Imperador que à acção dos inimigos devia o seu aperfeiçoamento. Sozinho, seria impossível. Era o Imperador modelo de integridade, de fé e de bondade. Partilhava o seu tempo na mais íntima e afectuosa convivência com a Imperatriz, os sete pequenos príncipes e os fieis amigos – nobres, funcionários e criados – vindos da Áustria e da Hungria a quem tentava consolar com palavras de paciência, amenizando os ímpetos de revolta contra as injustiças de que todos tinham sido vítimas.”

Testemunho do Capelão Azomboky

“Aquele grande cristão que tanto nos edificava, sempre que assistia a actos de culto na nossa catedral e que, morrendo prematuramente, é já venerado pelo nosso bom povo como santo”
“Nenhuma missão tem concorrido tão eficazmente para avivar a Fé na missa diocese como o exemplo da paciência heróica e da morte santa do seu imperador”

Testemunho de D. António Pereira Ribeiro, Bispo do Funchal de então